segunda-feira, 25 de outubro de 2010

E já tenho planos...

Por Cátia Lima do Carmo Rosa


Entrei na escola como a maior parte das crianças, fazendo o jardim da infância. Aos sete anos iniciei a 1ª série e fiz todo o meu ensino primário e ginasial em duas escolas públicas distintas. Vale salientar que, na época em que estudei, os professores eram respeitados pelos alunos, ensinavam com prazer e pouco faltavam.

Me lembro da minha professora de matemática da 5ª, 6ª e 7ª séries. A vontade que ela tinha de ensinar a turma e fazia de tudo para que todos aprendessem. Inclusive hoje comento com meu filho que se eu sei bastante coisa de matemática, foi com ela que aprendi. No 2º grau (atual Ensino Médio), ingressei no curso de Formação de Professores. Pela primeira vez na vida acabei repetindo.

Não sei se foi por imaturidade ou desinteresse pelo curso, que não me estimulou nem um pouco. Tanto que, no ano seguinte, entrei para uma escola particular (Colégio Objetivo) e cursei os três anos do “científico”, como era chamado. Após o término do mesmo, iniciei minhas tentativas para passar no vestibular. Primeiro optei por Comunicação Social, com habilitação em jornalismo, que achava que tinha a ver comigo. Não passei (nesta época morava em Angra e só ia para o Rio fazer as provas).

Tentei mais uma vez, agora para Educação Física, na UFRRJ. Acabei passando em 19º lugar, mas só foram distribuídas dezessete vagas. Aguardei a reclassificação, mas ela não ocorreu. Confesso que desanimei um pouco, pois achava que sempre aconteciam desistências. Era só ficar na espera. Ouvi comentários de amigos dizendo que lá na “Rural” existia uma “lei”, chamada “Lei do boi ou gado”, em que os filhos de fazendeiros daquela área compravam vagas para seus filhos. Confesso que acreditei nesta história.  

Mais tarde, me mudei para o Rio e iniciei o curso de pré-vestibular no Colégio Bahiense. E de novo eu estava na tentativa de passar no vestibular. Desta vez me inscrevi para Serviço Social na UFF. Mais uma vez, não consegui nada. Como a idade foi chegando, junto com a necessidade de trabalhar (e já um pouco desestimulada), não tentei mais vestibular.

Passaram-se mais ou menos 18 anos e surgiu uma nova oportunidade. Um vestibular extraordinário da UFF, em Angra dos Reis. E quem chamou minha atenção foi minha irmã, que gosta muito de estudar. Ela tem mais ou menos uns 26 anos de trabalho na área da educação e me incentivou insistindo demais para que eu fizesse a inscrição, para tentar o curso de Pedagogia que tinha a vantagem de ser uma universidade federal e perto da minha casa.

O que posso dizer é que passei em 39º lugar de 60 vagas - nada mal para quem já havia terminado o antigo 2º Grau há anos. E já estou cursando o 3º período. Não vou afirmar que é a “glória”, que estou cursando o que eu quero. Estou ainda aprendendo a gostar deste curso, que tem me feito mudar bastante. Como? Tendo uma visão de futuro melhor, criando expectativas para mim e minha família. Tenho aprendido cada dia mais, crescendo, me vendo como pessoa que pode ir além das tantas coisas que planejei.

Espero que este curso me faça uma pessoa melhor, com perspectivas de incentivar nossas futuras crianças a continuarem sonhando com uma sociedade mais justa, na qual elas se sintam estimuladas a respeitar o espaço uma das outras. Que possa, assim, trabalhar a paz, o amor e a solidariedade. E já tenho um plano para o após: ao terminar este curso, quero fazer uma Pós-Graduação em Psicologia.

sábado, 4 de setembro de 2010

Educação: a minha trajetória

Cícera em evento educacional (Arquivo Pessoal)


Por Cícera Samara

A minha trajetória educacional não foi de primeira qualidade. Isso, claro, comparado ao que vejo ao meu redor. O colégio em que iniciei meus estduos era humilde, mas foi o que meu deu base para estar aqui. Por ser uma escola pequena, em uma comunidade também pequena, tínhamos - eu e meus colegas - uma forte integração. O corpo docente, por sua vez, elaborava muitos projetos, que estimulavam a participação da comundiade na vida escolar de todos os alunos.

Pena que só tinha até a 4ª Série!

Quando ingressei no então "Ginásio", na antiga 5ª Série, tive que estudar numa escola de outro bairro. Não era muito distante, mas tinha que pegar ônibus. Esses anos de formação também foram cruciais para o desenvolvimento da minha personalidade, especialmente para passar acreditar nas outras pessoas, estabelecer amizades e entender melhor as relações humanas. Até hoje encontro com professores dessa época. Mantemos contato para relembrar os bons momentos. E a preocupação com o outro permanece.

Depois, no Ensino Médio, fui cursar a chamada "Escola Normal". Agora, mais distante, num outro colégio no centro da cidade. Me senti perdida. Nunca havia visto uma escola daquele tamanho. Na verdade, nem imaginava que algo assim poderia existir. Fiquei totalmente confusa. Não sabia o que queria. Fui matriculada nesse curso por minha mãe, que não me perguntou se era isso que eu desejava. Ela só imaginava que, concluído os estudos, sairiam com uma profissão.
No começo, resisti. Faltava muito. Ía para a praça, pegava o ônibus de novo e voltava para casa. Às vezes inventava faltas dos professores, ou que não tinha água, entre outras estórias. Mas, de certa forma, Deus está de prova, eu não estava inventando muito. A direção e coordenação da escola, que quase ninguém conhecia, deixavam muito a desejar. Não tinha professores para todas as matérias. Especialmente de Química e Física. Um dos únicos "agentes" educacionais era, na verdade, o zelador, amigo de toda hora.

Exceptuando ele, pude contar com cinco grandes professoras que fizeram parte desta minha trajetória. Elas, sim, fizeram-me gostar dessa área - a Educação - e acreditar que eu posso fazer algo para os educandos que irão passar em minha vida, como professora ou pedagoga.

Esse foi o caminho que percorri e que me fez escolher o curso de Pedagogia, profissão na qual pretende me realizar como pessoa e educadora.

Nos tempos de infância (Arquivo Pessoal)